DISFAGIA - Dificuldade para engolir, Disfagia é o termo médico utilizado quando o
paciente refere dificuldade para engolir. A disfagia não está necessariamente
associada à dor para engolir, mas sim a uma sensação subjetiva de dificuldade
de fazer o alimento percorrer o caminho entre a boca e o estômago.
AFAGIA - Impossibilidade de deglutir,
termo técnico usado em hospitais. Quando o individuo não consegue engolir
qualquer tipo de alimento seja ele sólido ou liquido.
PROCESSO NORMAL DE DEGLUTIÇÃO
Fase oral da deglutição
A
deglutição começa com o processo de mastigação, que umidifica a comida e a
transforma em bolo alimentar maleável, com formato e tamanho apropriados para
ser engolido. Após uma mastigação rápida, nossa língua move-se de forma a empurrar
a bolo alimentar em direção à faringe. Essa parte inicial é chamada de fase
oral da deglutição e é feita através da contração voluntária dos músculos da
face e cavidade oral.
Fase faríngea da deglutição
Ao
chegar à faringe, o processo de deglutição torna-se involuntário, ou seja, ele
é feito de forma automatizada sem que precisemos ter ciência de cada passa que
será dado. Como a faringe é uma via comum para o ar que respiramos e o alimento
que comemos, para que não haja risco do bolo alimentar ir em direção aos
pulmões, a passagem para a laringe/traqueia precisa ser ocluída no momento em
que estamos engolindo algo.
Fase esofagiana da deglutição
A
última fase da deglutição é a fase esofagiana, que consiste na passagem do
alimento pelo esôfago. No início e no fim do esôfago existem dois músculos em
formato de anel, chamados, respectivamente, de esfincter esofagiano superior e
esfincter esofagiano inferior. A função de ambos os esfincteres é impedir que o
conteúdo presente no estômago volte em direção à boca.
Os
pacientes com paralisia cerebral do tipo tetraparesia espástica apresentam
alta incidência de disfagia orofaríngea, somando seus diferentes graus de
comprometimento. Em relação à hidratação, o líquido no foi o mais
utilizado nos pacientes que apresentam Deglutição Funcional e Disfagia Leve. Alimentam-se
em sua maioria de consistência pastosa, com grande parte dos pacientes com
disfagia orofaríngea grave, fazendo uso de via alternativa de alimentação.
Estudos
da literatura, afirmam que os pacientes com paralisia cerebral, em decorrência
de suas alterações posturais e sensório-motoras, apresentam alterações na
função de deglutição, que vão desde comprometimentos no transporte do bolo
alimentar para faringe, até a presença de aspiração traqueal do alimento.Rev
Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):172-6
As
alterações no processo de deglutição comprometem a ingestão alimentar e podem
ser a principal causa do desenvolvimento de um processo de desnutrição,
principalmente em indivíduos hospitalizados e idosos. A disfagia com risco nutricional em
indivíduos adultos e idosos hospitalizados.
Foram
estudados 100 pacientes, de ambos os gêneros, internados em um hospital geral
localizado no município de São Paulo, em outubro de 2010. Selecionaram-se para
o estudo todos os pacientes com até 48 horas de internação. Para a
identificação do risco de disfagia foram adotados dois instrumentos:
Questionnaire for dysphagia screening (QDS) adaptado por Chaves e Andrade
(2010) e o recomendado pela “I Consenso Brasileiro de nutrição e disfagia em
idosos hospitalizados” da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG, 2010). Para identificação do risco nutricional, foi utilizado o
instrumento de triagem nutricional (TRINUT), desenvolvido por Aquino (2005).
Os
resultados dos riscos de desnutrição e disfagia foram dicotomizados entre
ausente e presente e foi associado pelo teste de qui-quadrado, adotando-se um
nível de significância de 5%. A análise de concordância entre os instrumentos
da SBGG e QDS foi realizada segundo o coeficiente kappa, considerando-se os
critérios de Landis e Koch (1977). Resultados a amostra constituiu-se de 67
adultos e 33 idosos. Verificou-se o risco de disfagia em 65% dos pacientes,
segundo SBGG, e 58% segundo QDS, e o risco nutricional foi observado em 71% da
amostra. Em relação ao grupo etário, foi observado que o risco de disfagia e o
risco nutricional foram mais frequentes em idosos (81,8% e 87,9%,
respectivamente). Houve associação estatisticamente significativa entre risco
de disfagia.
Conclusão
o risco de disfagia é muito frequente entre os indivíduos hospitalizados,
principalmente idosos, e a ambos necessitam de triagem no momento da internação
hospitalar para adequada intervenção e consequente, melhorar o prognóstico.
INTERVENÇÕES EM DOENTES COM DEGLUTIÇÃO
COMPROMETIDA
A introdução
de alimentos de forma fraccionada, tal como a sua viscosidade (pastosos) são técnicas
eficazes para evitar complicações como a desnutrição, desidratação e infecções respiratórias.
Efectuando a protusão da língua e abertura da mandíbula, ocorre uma estimulação
dos músculos genioglosso e supra hióideos. Em presença de um bolo com
consistência mais sólida estes músculos podem tornar-se mais fortes e
longos. A deglutição supraglótica, fortalece os músculos do osso hióide,
expande a amplitude de movimento do mesmo e aumenta o efeito de protecção da
via aérea.
A
estimulação eléctrica produz efeitos favoráveis na recuperação da
disfagia nos doentes após tratamento de cancro de pescoço e da cabeça. Um
programa precoce de deglutição de alta intensidade promove a recuperação da
função normal da deglutição em doentes com AVC. A administração de
líquidos constitui um alto risco para pacientes com a deglutição
comprometida. Estímulos mecânico e térmico sobre os pilares do palato e
gloso não produzem resposta motora na fase faríngea.
O médico indicado para investigar casos de disfagia
é o gastroenterologista.
Em geral, o primeiro exame a ser solicitado é a
endoscopia digestória, que é capaz de diagnosticar diversas causas de disfagia,
tais como a presença de tumores, anéis, membranas, esofagite e divertículos. Se
a endoscopia for normal, exames como a esofagografia com bário ou a manometria
esofágica costumam ser o próximo passo.
TRATAMENTO
DA DISFAGIA
Como a disfagia é um sintoma, e não uma doença, o
seu tratamento depende, obviamente, da sua causa. Doenças completamente
distintas, como tumores, AVC e refluxo gastroesofágico podem até apresentar
sintomas semelhantes, mas o seu tratamento é completamente diferente.
Portanto, sem ter um diagnóstico estabelecido, não
é possível indicar um tratamento adequado para a disfagia ou afagia do
paciente.