Câncer de Cólon

O câncer colorretal abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável, quando detectado precocemente, e quando ainda não atingiu outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos.
Instituto Nacional de Câncer (Brasil). ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: Inca, 2011.128 p.: il.



Câncer do Ânus

Acometem pacientes do sexo feminino em torno da sexta década. Em contraste, os tumores perianais são mais comuns nos homens e ocorrem até cinco centímetros da margem anal.

Prevenção:

A realização da colonoscopia a partir dos 50 anos permite a detecção precoce dos adenomas, que são lesões pré-malignas, inclusive permitindo a sua remoção durante o exame. Também se sabe que a atividade física regular, a manutenção do peso em níveis normais, e uma dieta rica em frutas, verduras, fibras e cereais, e pobre em carnes vermelhas, diminui o risco de desenvolvermos a doença. O tabagismo e o uso abusivo do álcool aumenta o risco do câncer de cólon.

Influência da dieta:

O consumo de grandes proporções de gordura animal predispõe ao câncer colorretal devido à degradação dos sais biliares, pela flora bacteriana, em compostos carcinogênicos potencialmente tóxicos. Durante muitos anos foi atribuído um fator protetor às fibras.

Atualmente, acredita-se que o efeito protetor deve-se às vitaminas antioxidantes que diminuem as quantidades de substratos carcinógenos contidos nas fezes. Outras substâncias da dieta como o cálcio e o selênio também têm efeito protetor. O cálcio contido nos alimentos liga-se aos ácidos graxos ionizados e aos ácidos biliares no trato gastrointestinal, convertendo-os em compostos de cálcio insolúveis. O selênio, um oligomineral, parece ter um papel protetor devido a sua ação antioxidante, com uma ação semelhante à das vitaminas.
Etiopatogenia

Algumas considerações sobre a anatomia do reto e canal anal são importantes para uma melhor compreensão da etiopatogenia da doença. O reto distal, proximal ao anel anorretal, é constituído de epitélio mucoso colunar. Um pouco mais abaixo, ao nível da linha pectínea encontramos um epitélio de transição que contem elementos do epitélio colunar e cuboidal. Finalmente,distalmente à linha pectínea até a margem anal encontramos um epitélio escamoso estratificado.

Os tumores malignos do ânus representam de 1 a 2 % de todos os tumores do cólon e 2-4% dos tumores anorretais. A maioria, cerca de 85%, origina-se no canal anal, sendo do tipo carcinoma epidermóide. A margem anal é recoberta por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, coberto por pêlos e folículos pilosos.

Quanto à histologia dos tumores, existem vários subtipos, cujas origens relacionam-se diretamente ao seu local de origem. O carcinoma epidermóide ou espinocelular é o tipo mais comum originando-se do epitélio escamoso estratificado do canal anal superior. O epitélio colunar e cuboidal próximo à linha pectínea e que contém as colunas de Morgagni dão origem aos tumores transicionais e cloacogênicos. As glândulas anais que se abrem em criptas localizadas ao nível da linha denteada podem também dar origem aos raros tumores mucoepidermóides e finalmente, quando o tumor se assemelha ao carcinoma basocelular da pele é conhecido como carcinoma basalóide. Outros tumores mais raros como o melanoma (0,25–1% dos tumores anorretais), o sarcoma e o adenocarcinoma também podem acometer esta região.
Quadro clínico

A maioria dos pacientes apresenta sangramento anal vivo associado à dor nesta região, precedendo o aparecimento de outros sintomas.
O exame físico é fundamental para o diagnóstico, permitindo uma avaliação da extensão da doença e coleta de material para análise histológica. O estadiamento é importante, pois influi diretamente na tomada de decisões terapêuticas, podendo também ajudar a predizer o prognóstico do paciente.

O prognóstico dos tumores da margem anal é geralmente favorável, sendo rara a ocorrência de metástases à distância. Por outro lado, os tumores do canal anal apresentam um comportamento local mais agressivo, uma vez que podem invadir a mucosa retal, tecido subcutâneo periana, gordura perirretal, musculatura e órgãos vizinhos, podendo também enviar metástases para os linfonodos das cadeias mesentéricas. Os locais mais comuns de metástases à distância são fígado, pulmão e cavidade abdominal.
Fatores de risco:

Além da idade acima de 50 anos, são também considerados fatores de risco os portadores de doença inflamatória intestinal e os pólipos intestinais.
Tratamento

Os pequenos tumores da margem anal, quando superficiais, podem
ser tratados com excisão local ampla, com margens cirúrgicas adequadas, proporcionando índices de sobrevida livre de doença em mais de
80% dos casos. Para lesões maiores do que 5 cm associa-se uma complementação de radioterapia para atingir as cadeias inguinais. Já os tumores que se apresentam como grandes massas acometendo planos profundos devem ser manejadas como tumores do canal anal.

O tratamento inicial de escolha é atualmente a associação de quimioterapia e radioterapia. O tratamento cirúrgico através da amputação abdominoperineal do reto estaria indicado nas seguintes situações:

• resposta incompleta à quimio-radioterapia
• lesões recorrentes
• lesões residuais

Estadiamento

O estadiamento pode ser realizado através de ultrassonografia transretal, tomografia ou ressonância magnética de abdome e pelve. A tomografia e ressonância magnética podem fornecer informações importantes quanto ao acometimento linfonodal e de outros órgãos como vias urinárias, bexiga, fígado, próstata.





Referências:
NIGRO ND,SYDEl HG, CONSIDINE B et al. Combined preoperative radiation and chemotherapyfor squamous cellcarcinomaof the anal canal. Cancer, 1983;51:1286.
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MYERSON RJ, KONG F, Birnbaum EH, FLESHMAN JW, KODNER IJ, PICUS J, RATKIN GA, READ TE, WALZ BJ. Radiation therapy for epidermoid carcinoma of the anal canal, clinical and treatment factors associated with outcome.Radiother Oncol 2001 Oct;61(1):15-22.

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