É uma condição que atinge a porção inferior
do esôfago, alterando seu revestimento interno, cujas células originais são
substituídas por células semelhantes às do intestino (metaplasia intestinal
especializada ou Esôfago de Barrett). Quando não tratado apresenta um risco de
evoluir para câncer em até 10% dos casos.
O esôfago de
Barrett (EB) é uma condição patológica adquirida, caracterizada pela
substituição do epitélio estratificado pavimentoso do esôfago por epitélio
colunar especializado do tipo intestinal. Ocorre em pacientes com doença do
refluxo gastroesofágico de longa duração. Representa uma resposta adaptativa da
mucosa à agressão pelo ácido. Os fatores de risco para desenvolvimento do EB
são os que favorecem o refluxo gastroesofágico, e incluem a hérnia de hiato, a
incompetência do esfíncter inferior do esôfago e o refluxo do conteúdo
duodenogástrico. A importância biológica do EB é o risco para câncer. Cerca de
10% dos pacientes portadores de EB desenvolvem adenocarcinoma no terço inferior
do esôfago. As estimativas do risco para câncer são imprecisas, visto que não
se conhece o número total de pacientes com EB em relação aos que desenvolvem
adenocarcinoma. No Brasil, a maioria dos estudos sobre o EB focaliza
procedimentos de conduta e tratamento cirúrgico. Os aspectos epidemiológicos e
os atributos morfológicos dessa entidade são pouco estudados.
Aspectos endoscópicos
Endoscopicamente
o EB é caracterizado pela presença de mucosa glandular no esôfago tubular acima
da junção esofagogástrica. É designado EB
curto quando o epitélio
glandular é restrito aos 3 cm distais do esôfago tubular, e EB clássico, ou de segmento longo, quando a mucosa glandular ocupa mais
de 3cm em direção cranial no esôfago tubular(20). Portanto, no EB a
junção escamocolunar encontra-se acima da junção esofagogástrica em extensões
variáveis. A identificação endoscópica do EB pode ser difícil, especialmente no
EB curto, por não haver limites anatômicos que definam a região do esfíncter
inferior do esôfago (30). A presença de hérnia de hiato que
acompanha com frequência o EB dificulta a identificação da junção
esofagogástrica e a caracterização do EB. Às vezes, nem o endoscopista nem o
patologista são capazes de identificar o local preciso da biópsia em relação ao
esfíncter inferior do esôfago. Por isso, chegou-se ao consenso de que a
presença de epitélio colunar especializado com metaplasia intestinal no esôfago
tubular é o atributo morfológico que caracteriza o EB. Com esse critério
diagnóstico a localização precisa da biópsia no exame endoscópico tornou-se
irrelevante.
Diagnóstico histológico
Os
estudos preliminares sobre o diagnóstico histológico do EB descreveram três
tipos de epitélio como integrantes do espectro das alterações histopatológicas
do EB: o epitélio gástrico fúndico com células parietais e principais, o
epitélio gástrico juncional da cárdia com glândulas secretoras de muco e o
epitélio colunar especializado com metaplasia intestinal. Como somente a
metaplasia intestinal correlacionou-se com a progressão para câncer, o consenso
atual para o diagnóstico histológico do EB é a presença de epitélio colunar
especializado com células caliciformes, caracterizado morfologicamente como
metaplasia intestinal.
Diagnóstico diferencial do esôfago de Barrett
Os
principais diagnósticos diferenciais do EB são a hérnia de hiato, a heterotopia
de mucosa gástrica no esôfago e a metaplasia intestinal na junção
esofagogástrica. Na hérnia de hiato, as biópsias demonstram mucosa gástrica de
padrão corpo fundo ou da cárdia. A heterotopia de mucosa gástrica no esôfago
ocorre em cerca de 10% dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta. É
mais frequente no esôfago cervical e se expressa endoscopicamente como ilhas de
mucosa glandular róseo-avermelhada em meio ao epitélio escamoso. O conhecimento
do local preciso da biópsia é essencial para o diagnóstico correto dessa
entidade, que resulta de um defeito da embriogênese na substituição do epitélio
colunar pelo epitélio escamoso. Outro diagnóstico diferencial relevante e
difícil é o da metaplasia intestinal da cárdia, que é histologicamente idêntica
à metaplasia intestinal do EB. A dificuldade é distinguir o EB curto da
metaplasia intestinal da cárdia, pois o endoscopista nem sempre tem certeza se
a biópsia foi retirada acima ou abaixo da junção esofagogástrica. A relevância
é que os processos patológicos são distintos. A metaplasia intestinal da cárdia
não é relacionada ao refluxo gastroesofágico e, portanto, aparentemente não se
correlaciona com o risco para câncer no contexto da doença do refluxo
gastroesofágico. Há estudos que demonstram que a metaplasia intestinal da
cárdia faz parte de quadro de pangastrite associada ao Helicobacter pylori. A análise imuno-histoquímica com a
imunorreatividade superficial e profunda para CK20 e a ausência de expressão
para CK7, que caracteriza o fenótipo de metaplasia intestinal completa na
mucosa gástrica, podem ser úteis para identificar a metaplasia intestinal da
cárdia, auxiliando no diagnóstico diferencial com o epitélio metaplásico do EB.
Tratamento:
Regredir / Impedir a progressão da displasia:
– Terapia medicamentosa:
• Excelente
no controle de sintomas
• Melhora
a acurácia na detecção e classificação
• Não
parece ser suficiente para impedir a progressão especialmente em pacientes com Barrett
longo.
Regredir / Impedir a progressão da displasia:
– Cirurgia Anti-refluxo:
• Controle duradouro de sintomas
• Maiores
taxas de regressão da displasia quando comparado com IBP em séries
retrospectivas
• Meta-análise
não confirma superioridade do tratamento cirúrgico sobre o medicamentoso na redução do risco de progressão para câncer.
Eliminar áreas de displasia de alto grau /
adenocarcinoma in situ
– Ressecção endoscópica:
– Ressecção endoscópica:
• Mucosectomia
• Dissecção de submucosa
– Terapias ablativas
– Terapias ablativas
• Laser
de Argônio Tiftdiâi
•
Terapia fotodinâmica
• Ablação
por radiofrequência Ciblã
•
Crioablação – Esofagectomia
Eliminar áreas de displasia de alto grau /
adenocarcinoma in situ
– A ressecção endoscópica é eficaz e apresenta
menor risco de complicação e morte que a cirurgia;
– Não
há estudos randomizados que comparem as duas modalidades terapêuticas;
– Não
há relatos de recidivas em pacientes com DAG e adenocarcinoma in situ
submetidos à cirurgia.
Referências
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CAMERON, A. J.; CARPENTER, H. A. Barrett's esophagus, high-grade dysplasia, and
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diagnosis of columnar lined esophagus (Barrett's esophagus). Am J Clin Pathol, v. 92, p. 741-6,
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